TRANSGRESSÃO JUVENIL NA CLASSE MÉDIA E ALTERNATIVAS EDUCACIONAIS *

Maria Aparecida Morgado, Manoel Francisco de Vasconcelos Motta

Resumo


As práticas transgressivas de jovens da classe média são geralmente interpretadas como decorrentes de transtornos emocionais, ou, então, como descaminhos educacionais da ordem de uma crise nos valores. Essas abordagens não correspondem à complexidade do fenômeno.  Desde 1950, a juventude da classe média ocidental vem sendo associada a comportamentos transgressivos, tornados mais ou menos visíveis pelos veículos de comunicação. Até então entendida como prática de jovens oprimidos, afetados pela intensificação do processo de modernização urbana e industrial, a transgressão também passa a ser vinculada aos jovens da classe média. Depois das mobilizações estudantis e das manifestações pacifistas e contra-culturais das décadas de 1960 e 1970, da desmobilização político-cultural dos anos 1980, a transgressão adquire dimensão de grave problema social nos anos 1990: não há necessidade ou causa aparente que explique a participação de jovens da classe média em crimes contra o patrimônio e em crimes contra a vida. Nos meios acadêmicos brasileiros predominam pesquisas sobre a juventude das camadas populares. Questões relativas à classe média e à transgressão juvenil vêm sendo colocadas pela intelectualidade européia e norte-americana há meio século. Esse artigo analisa a transgressão juvenil na classe média, dentro do contexto brasileiro.


Palavras-chave


Educação; Adolescente; Classe Média; Transgressão

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