Entrevista Ten Cel PM Sebastião Carlos Rodrigues Silva

Enzi Cerqueira Almeida

Resumo


Entrevista Ten Cel PM Sebastião Carlos Rodrigues Silva

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PMMT

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Sebastião Carlos Rodrigues da Silva, natural de Poxoréu-MT, filho de Antonio Calino da Silva (in memorian) e Dalvina Rodrigues da Silva, atualmente lotado no Centro de Desenvolvimento e Pesquisa da PMMT e Coordenadoria das Escolas Estaduais da Polícia Militar Tiradentes. Casado com Jéssica Kennia Figueiredo Rodrigues – pedagoga lotada no Colégio Salesiano Santo Antonio - CSSA, pai de Niccolie Lorrayne Rodrigues de Figueiredo – 14 anos e Níccolas Carllos Rodrigues de Figueiredo – 10 anos, residente em Cuiabá. Atualmente Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Mato Grosso, iniciou sua trajetória acadêmica na cidade de Poxoréu-MT na Escola Estadual “Poxoreu” – terra natal e concluiu o ensino fundamental na Escola Estadual Antonio Epaminondas e o ensino médio na Escola Estadual Presidente Médici – ambas em Cuiabá-MT. Ingressou nas fileiras da PMMT

pelo Curso de Formação de Soldados em 1994 – não concluso, depois frequentou o Curso de Formação de Oficiais 1996/1998 – bacharel em segurança pública. É especialista em Gestão em Segurança Pública pela UNEMAT - 2008, Especialista em Política de Segurança Pública e Direitos Humanos pela UFMT - 2011. Em janeiro de 2018 concluiu com êxito o Mestrado em Sociologia pela UFMT (2016/2018) – sendo o primeiro Mestre em Sociologia da UFMT.

Trabalhou no Batalhão da Polícia Militar de Guardas (1999-2001); 3º Batalhão da Polícia Militar – Subcomandante da Companhia de Polícia Comunitária do Pedra 90 (2001), Comandante da Companhia de Polícia Comunitária do Moinho (2002/2003); Integrante da Corregedoria da Polícia Militar (2003/2006); Gerente Administrativo e Operacional do Grupo Especial de Segurança de Fronteira GEFRON (2006/2008); Gerente de Segurança do Centro de Operações Tecnológicas dos XV Jogos Panamericanos RIO/2007; Subcomandante do 18º Comando de Policiamento de Área Pontes e Lacerda (2008/2009); Subcomandante do 3º Batalhão da Polícia Militar (2009/2010); Subcomandante do Batalhão da Polícia Militar de Trânsito (2010/2011); Diretor da Escola da Polícia Militar Tiradentes (2012/2013); Coordenador Adjunto do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa da PMMT (2013/2016); Comandante da Escola Superior de Formação e Aperfeiçoamento de Praças ESFAP (2016/2017); Diretor do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa da PMMT, Coordenador das Escolas Estaduais da Polícia Militar Tiradentes (2017 aos dias atuais).

Possui os cursos na Polícia Militar: Curso de Formação de Oficiais (1996/1998); Curso de Instrutor e Multiplicador de Polícia Interativa na PMES (Vitória-ES 2002); Instrução de Nivelamento de Conhecimento da Força Nacional de Segurança Pública – ANP em Brasília 2005); Curso de Especialização de Oficiais em Polícia Judiciária Militar na PMESP (São Paulo-SP 2005); Curso de Instrutor, Multiplicador e Promotor de Polícia Comunitária SENASP (2005/2006); Especialização em Gestão em Segurança Pública – CAO/PMMT (2008); Curso Internacional de Multiplicador e Instrutor em Polícia Comunitária – Sistema KOBAN na PMESP (São Paulo-SP 2010); Curso Superior de Polícia com ênfase em Estudo de Comando e Estado Maior CSP/2015).

O ingresso na carreira policial se deu por uma iniciativa e convite de um amigo de minha família, hoje na inatividade (aposentado) que aclarou as vantagens, desvantagens e desafios de ser um policial militar. Se bem que não há de negar que um dos atrativos foi a estabilidade financeira do serviço público. Para um adolescente que ainda cursava Educação Física na UFMT, abandonar tudo e mudar consideravelmente o caminho a percorrer não foi uma decisão tão simples assim. Na primeira tentativa, no antigo vestibular, sem tanto compromisso com o resultado, apenas valorizando o conhecimento que aflorava e estava ainda presente, alcancei classificação satisfatória e fui convocado a comparecer no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PMMT, que por razões pessoais (não poder conciliar o estudo universitário com o curso) solicitei meu desligamento ou desistência e retornei à faculdade de Educação Física na UFMT. Dois anos mais tarde alcanço êxito e ingresso na Academia da Polícia Militar, iniciando minha carreira e trajetória policial militar. Para muitos colegas de profissão o ingresso à Instituição Policial deu-se por vocação, para mim essa assertiva não prospera. Foi tudo muito rápido, e quando percebi estava envolvido com os objetivos e desafios da profissão. Inicialmente imaginava a profissão sobre um prisma, um olhar e uma perspectiva, somado às instruções de estilo educação bancária que recebíamos ao longo de três longos anos. Aprende-se a gostar e defender princípios e objetivos nunca vivenciados antes, mas que passam a fazer parte de sua vida profissional e particular. O Curso de Formação de Oficiais exige do estudante muito empenho, tanto em atividades físicas, técnicas, bem como a dedicação à leitura, hábitos práticos e muito planejamento. Partindo da iniciativa de alguns professores em áreas como Psicologia, Sociologia, Direito, Filosofia e história do Brasil partindo de vários olhares social, da educação e humanístico, oportunizo-me o acesso a informações interessantes, antes não levadas em consideração. Enveredar-se aos estudos da historicidade da polícia brasileira sobre várias perspectivas e olhares, acompanhando sua evolução e participação nos momentos e movimentos históricos do Brasil, propiciou-me e despertou em mim um sentimento de buscar algumas respostas a perguntas não respondidas no seio da caserna: entender o verdadeiro papel das polícias brasileiras. Uma busca incessante, que hoje sentimo-nos mais à vontade em tentar aclarar. Para uma pessoa de origem familiar humilde, descendente de garimpeiro forjado nas grupiaras ao redor do Morro da Mesa da linda Poxoréu, já bastava por aí o alcance pleno em ingressar e fazer parte da Polícia Militar de Mato Grosso. Mas, caminhamos um pouquinho mais!

Na busca pelo entendimento do verdadeiro papel das polícias brasileiras lancei-me a trilhar num mundo não muito afeto a mim à época _ à leitura e realização de cursos profissionais. Alguns desses cursos me puseram a reflexão e repensar o “ser policial” e uma pergunta ainda ficava entalada na garganta: Somos Polícia da sociedade ou Polícia do governo? Num prisma teórico acompanhado de fundamentos legais a resposta é óbvia e direta: Polícia da sociedade! Mas numa prática diária, em alguma das vezes, não há suficiente segurança para asseverar essa assertiva.

Na busca de entender o verdadeiro papel das polícias brasileiras, sobretudo, as polícias militares, ousamos em trilhar por um caminho, não comum percorrido por um policial militar a alcançar estas respostas ainda presentes e não respondidas. E a consolidação do verdadeiro papel das polícias brasileiras perpassa pelos fundamentos de polícia comunitária, que traz uma poderosa estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e polícia. Na Especialização em Políticas de Segurança Pública e Direitos Humanos da UFMT em 2010/2011, pesquisei sobre a Lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência de menor potencial ofensivo lavrado por policiais militares como forma de garantia dos direitos humanos, numa dicotomia da ação policial, mais alicerçada pela modalidade de policiamento comunitário. Ainda com a inquietação, inquietante (pleonasmo proposital) busquei na Sociologia – Mestrado pela UFMT a resposta ou caminho rumo a encontrá-la, agora pelo viés da relação tensional entre Estado e Sociedade, isto pela percepção holística da Polícia Comunitária por meio de seus atores e polos – pesquisa desenvolvida Polícia Comunitária em Mato Grosso: tensão entre Estado e Sociedade. Partimos do conceito de Polícia Comunitária (Trojanowicz), na tentativa de promover um diálogo com os teóricos que sustentam os conceitos de capital social (Pierre Bourdieu e Coleman) como civismo (Robert Putnam) e associativismo (Alexis de Tocqueville). Iniciando a abordagem acadêmica pelo polo Sociedade – numa inversão comumente pesquisada quando se tem abordado o referido assunto – comumente partem de um olhar do Estado – um olhar verticalizado de cima para baixo. Trago para dentro do diálogo o posicionamento de Michael Oakeshott sobre o racionalismo – por entender que a implantação do projeto de Polícia Comunitária teve essa característica, e por fim, na dicotomia das modalidades de policiamento tradicional e comunitário – ousamos fazer um paralelo sobre o modelo de vigilância panóptica. Ao final de nossa pesquisa concluímos pela insuficiência de base cívica na sociedade cuiabana – exigida para se implantar o projeto de polícia comunitária – uma exigência do seu próprio conceito, e sugerimos que o o projeto de polícia comunitária mais se assemelha com um processo de descentralização de ações, atividades e policiamento da Polícia Militar – um modelo de policiamento voltado para a resolução de problemas, pelo viés tradicional em sua predominância.


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RHM - Homens do Mato - Revista Científica de Pesquisa em Segurança Pública - Mantida pela Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT).